Morte, depressão, perdas, separações, lutos podem ser terras muito áridas. As superações, o sentido de empreender a travessia por todos esses desertos da alma e a busca pela missão pessoal são apresentados pelo olhar da Psicologia, especialmente da Psicologia
Analítica, também conhecida como Psicologia Junguiana. A teoria e a prática psicoterapêutica engendrada pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) são profundas, repletas de alma e cheias de sentido, trazem um olhar integral, compassivo e amoroso para a clínica.
Os textos nascem como ruminações durante os tempos mais agudos da pandemia e a metáfora do deserto, como paisagem psíquica, surgiu de um sonho. Acordei de madrugada tendo a certeza de que esta deveria ser a ideia condutora para os textos. Marie-Louise von
Franz, em entrevista ao analista e produtor Fraser Boa, disse que Jung "descobriu que os sonhos procuram regular nossas energias físicas e mentais". Era preciso voltar a atenção para alguns desertos, estudar os mapas da alma para empreender as minhas próprias travessias.
Convido você a fazê-lo também.
Resistir aos tempos de aridez, enfrentar as tempestades, fazer frente aos lugares que apequenam é uma tarefa para a vida toda, e só conseguiremos completar essa tarefa dando ouvidos à Alma. As tarefas do Ego têm a ver com a exterioridade, já a convocação da Alma é para a interioridade. Algumas coisas que faziam muito sentido deixam de ter, e outras passam a fazer sentido. Escutar os chamados da Alma é não ter medo de duvidar das próprias lealdades. A que e a quem você está sendo leal nesse momento?
Em todos os desertos, ponha-se em movimento, a caminho.
Conjugar o verbo atravessar é curativo, ainda que trabalhoso e exaustivo. E, se ninguém acompanhar você, seja a sua melhor companhia. Em todas as suas jornadas, sobreviva.