Filha do fogo - 12 contos de amor e cura, de Elizandra Souza, oferta aos leitores uma incursão por histórias de força incomum, protagonizadas em sua maioria por vozes femininas negras, como a autora. Mulheres que manifestam os desafios, as decepções e as conquistas que permeiam o percurso daquelas que afrontam os códigos consolidados na sociedade atual. Uma sociedade ainda tão hierarquizada e que permanece se recusando a enxergar a viabilidade de modos de viver mais libertários, igualitários e humanos nas relações cotidianas. Não é à toa, portanto, que no prefácio a este livro a escritora Dinha (De Passagem Mas Não a Passeio) registra que a autora "areja a literatura brasileira trazendo vestígios de memórias afetivas de uma população que só recentemente passou a figurar nas obras literárias como sujeitos completos." Afinal, narrar é um fenômeno transformador. Seja para aquele que toma para si o desafio de conceber suas histórias, como para aquele que as recebe, o universo de vivências que compõe uma narrativa deixa marcas que ficam para sempre. Pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que os contos integrantes deste livro de Elizandra Souza possuem este traço singular das narrativas construídas com intensidade. É possível intuir os significados delas para o processo de autoconhecimento da autora como indiciar os impactos que elas terão nas vidas de quem se dedicar a nelas mergulhar. O livro traz ainda um texto de quarta capa assinado por Sérgio Vaz. O poeta assim apresenta Elizandra: "Tive a oportunidade de conhecer a Elizandra Souza, menina pretinha, como se intitulava, distribuindo suas poesias nos fanzines, lá pelos idos dos anos 2000 no Sarau da Cooperifa. Já era nítido que seria essa escritora dos contos de Filha do fogo entre outros que já escreveu e que com certeza escreverá. Faz da sua escrita uma flor que ora nos presenteia com seu aroma, ora perfura com espinhos que afetam nossas almas convocando para a primavera"