Breve tratado para atacar a realidade, de Santiago López Petit, é um livro que, como uma navalha, recorta e ataca seu objeto: o real. Não qualquer real, mas, especificamente, nossa realidade capitalista.
Consumindo tudo, sem deixar nada de fora, a realidade do capital torna-se absoluta e se desenvolve pelas demandas de seu interior, demonstrando-se em seu bolor e desvelando seu funcionamento.
A globalização neoliberal é fundamento e força motriz da própria realidade.
Avançadas tecnologias e definições ainda capturadas pela luz do real rompem o discurso e demonstram a democracia enquanto articulação do estado de guerra e do fascismo dito "pós-moderno".
Em seu desdobramento, em seu afastamento da tautologia, portanto, a realidade nos mostra suas fraquezas e seus membros carcomidos. Breve tratado para atacar a realidade é um pacto com a noite - a política noturna na qual a realidade é indigesta.
Uma política que perfura a realidade capitalista, trespassando-a, com o mistério de algo escuro, macerado, onde a luz não alcança, abrindo a possibilidade de uma nova política, uma política da noite.