O professor que havia sido a inspiração para o jornalista lhe telefona para um encontro, que se mostra suspeito. O escritor encontra nas calçadas do centro da cidade uma moça que carrega um livro seu. Segue-a. Consegue entrar em seu prédio, bate à sua porta. O jovem caminha pelas ladeiras da Vila Madalena pensando com alegria num encontro futuro. Fanny e Azriel passaram a vida juntos e encontram-se no jardim. Uma senhora encontra a escada rolante. Uma senhora encontra os ovos no supermercado.
Os 26 contos do premiado escritor Bernardo Ajzenberg não podem ser resumidos a uma única temática. Se existem encontros, alguns dos quais, prosaicos, os desencontros são contrapontos por vezes duros, por vezes necessários. Não apenas com o outro, mas consigo mesmo. Os personagens estão em movimento, alguns dos quais numa busca, outros em fuga, alguns numa espiral elíptica interna de autoconhecimento, seja lá o que isso venha a significar ou onde vá desembocar. E há aqueles que estão apenas usufruindo o fragor da vida.
O autor garante elementos essenciais no melhor do gênero conto, como a vivacidade, a potência, a agudeza. Não há espaço para frouxidão na escrita precisa de Ajzenberg.