Na Moscou de 1878, o solitário e casto jovem Iákov Arátov mora com a tia Platonida Ivánovna, sua única parente viva. Tem apenas um amigo, o sociável e alegre Kupfer, que o convence a ir a um espetáculo de variedades na casa de uma princesa georgiana. Sentindo-se oprimido e intimidado, Iákov logo vai embora. Dias depois, ele é arrastado por Kupfer a outro concerto no qual a cantora lírica Clara Militch apresenta lindamente uma peça de Tchaikóvski. Ela parece não desgrudar os olhos dele, e o rapaz se abala sem entender bem o porquê.
Em casa, Iákov recebe um bilhete sem assinatura, mas que ele sabe ser de Clara, marcando um encontro no bulevar Tverskoi. Entre relutante, ofendido e ansioso, Iákov chega na hora marcada. O que se dá, num jogo de percepções enviesadas, é um desencontro entre os dois.
Iákov não consegue se desvencilhar da imagem hipnótica da cantora, que o perturbará dia e noite, atrapalhará seus estudos, mudará sua vida. E se o drama tem essa alcunha pois existe a esperança fugidia de um bom desfecho, a tragédia é uma solução que não se pode remediar.
Como grande naturalista, Turguêniev traz nesta novela o embate entre as ciências naturais como forma de entender o mundo e o deslumbramento com a sociedade da época. Misturando realismo e simbolismo, com uma pitada de fantástico e comédia, o leitor é fisgado pela fulminante paixão entre os jovens Iákov e Clara.
Último escrito de Ivan Turguêniev, esta obra inédita no Brasil ganha tradução direta do russo, e notas, de Giselle Moura.