Uma das principais peças do dramaturgo Henrik Ibsen, considerado o pai do realismo no teatro moderno. Suas obras despertaram polêmica em sua época ao propor o debate sobre grandes questões morais da sociedade
Em Um inimigo do povo, um médico descobre contaminação nas águas de uma estação de banhos e transforma sua preocupação pela saúde pública numa luta individual. Ibsen escreveu essa saga pessoal como declaração de resistência após o escândalo provocado por Espectros, que já se seguira à polêmica em torno de Casa de bonecas (1879), na qual uma jovem senhora percebe a incompreensão que a cerca em família e acaba por abandonar marido e filhos.
Ibsen foi um dos abalos sísmicos que constituíram o grande terremoto trazido pelo modernismo à cultura ocidental. Nas palavras do crítico Aimar Labaki, autor do posfácio, "para além de uma obra teatral responsável pela fundação do drama moderno, o trabalho de Ibsen criou, na linha de Freud, Darwin, Marx e Einstein, a base do que seria a consciência do homem ocidental no século XX".