Este não é apenas um livro de memórias, é um documento, de guerra e história.
"As bombas caem devagar. Não sei como é possível, com aquele peso. Mas caem lentas ou eu as vi caindo lentas, bem lentas. E sobre a minha cabeça, vindo na minha direção. Não era a mim que elas queriam, não era aquela família deitada no mato o alvo de tanta munição."
Uma cena de guerra dá início a este livro e à vida de Marina Colasanti. Diante de um altar ao ar livre rodeado por soldados e metralhadoras, casam-se os seus pais. O noivo, fardado, está prestes a partir para mais uma etapa da conquista colonial italiana na África. Será na África, em Asmara, capital da Eritréia, que a escritora nascerá dois anos mais tarde.
Jornalista com fecunda trajetória em jornais e revistas, Marina alia suas lembranças a um intenso trabalho de pesquisa para traçar, através da saga familiar, o retrato de uma época e do conflito que abalou o mundo.
Depois de Asmara, Tripoli, na Líbia. A vida na colônia é efervescente: caçadas, corridas de automóveis, festas sob as tendas iluminadas por archotes. Mas o sonho seria de curta duração. Com o início da Segunda Guerra e a volta para a Itália, será necessário enfrentar novos tempos.
O pai fascista, o avô historiador da arte, o tio figurinista, uma cena de ópera, cartas do poeta d" Annunzio, uma filmagem em Cinecittá, se entrecruzam com o avanço dos aliados, a falta de gêneros, um ato de espionagem, o medo e a insegurança. Este livro entusiasmante que se lê como um romance, nos revela mais uma faceta dessa escritora já consagrada em ficção, ensaio e poesia.